Tenho uma história que não começa agora.
O interessante é que as pessoas ao me conhecerem, imaginam que nasci a partir daquele momento em que acabam de me conhecer.
Invalidam os acontecimentos anteriores com a facilidade de quem toma uma folha de papel e a amassa em sua mão.
Preveem os acontecimentos futuros sem considerar o presente e suas raízes mais nobres.
Éhhhh...Pobreza de visão!
Tenho uma história de infância.
Uma criança que brincou.
Uma menina que chorou, que ganhou, que perdeu, que esqueceu e aprendeu.
Pensam também que essa menina ficou para trás.
Que nada, ela vive bem irrequieta dentro de mim.
Salta, faz birra, se esconde, inventa, tem medo, quer colo, quer correr solta sem ninguém segurando em sua mão.
Ás vezes quer tudo, ás vezes não quer nada.
Entendeu não? Pobreza de percepção!
Tenho uma jovem na minha mente.
Ela se balança, as vezes baixo para encantar, as vezes alto para desafiar.
Tem um ritmo louco, esquecido e enobrecido por um tempo que chega sem avisar, e avisa sem perguntar.
Essa jovem se embala sozinha, e sozinha caminha.
As vezes faz pensar que precisa de companhia, mas na verdade o que ela precisa é de agitar, se alegrar, se enturmar, se deixar levar ao vento e brisa do mar.
Não gosta de ser caça, nem gosta de ser coisa.
Mas gosta de amar e pede ser amada...que nada...isso tudo é uma furada!
Tá escutando? Não? Pobreza de audição!
Tenho nada!
Tenho um vazio.
Foi escolhido para não ser preenchido...pois é nEle que me torno abrigo.
Se ele for preenchido deixa de ser buscado, esperado e consequentemente encontrado para unicamente uma utilidade: ser perdido!
E ai continuo indo!
Vindo!
Tá sentindo? Não? Pobreza de miséria!
Tenho tudo!
Tenho tanta coisa que não consigo me enxergar direito, tá tudo mal feito...bem feito!
Tenho afetos, enfeites, anelos, elos, luvas, presilhas, pinturas...feiuras!
Tanta coisa tenho e sou...que não me acho embaixo do cobertor.
Perdida embaixo do monturo, sou rainha em cima do muro!
Sou tudo, sou rica!
Sou linda, perdida!
Se você conseguir me ver nesse momento é um(a) mentiroso(a)!
Pobreza de verdade!
Uma chave apenas.
Que pena!
Nenhuma delas é.
Para tê-la tem que perdê-la!
Riqueza de Pobreza!
Ela:
Rose Lira.
Olá Rose, há algum tempo eu assisti um video na web - http://vimeo.com/13509635 - e ao ler seu post pensei na conexão entre os dois, somos pessoas com uma história, com experiências, e devemos aprender a enxergar as experiências do outro, excelente post.
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