26 de maio de 2012

JAMAIS OS AIS!

Hoje vou falar de dores.
Vou falar de desconfortos.
De aís...demais!
Sim,...peço até desculpa por quebrar a sequência, parecia que ia virar poesia...mas isso é dor: a quebra, a ausência, a negação, indiferença...a dor é a frustração...é o não inesperado e ao mesmo tempo temido!
Ouço dores de muitas pessoas...pessoas falam de suas dores presencialmente, ao fone, pela rede virtual, de várias formas ouço as dores. Ouço pela visão, pela observação do outro, ouço e reconheço...sim...reconheço porque em mim carrego muitas....umas já resolvidas, outras administradas, e outras que talvez nunca irão se apartar porque me trazem a realidade da vida...me nivelam...me aproximam...me enxergam!
A dor de se perceber sem espaço, espremida, apertada...puxa...essa é imobilizadora...você quer se mexer e não consegue...paralisa...gostaria de buscar outra posição, outra postura, outra história...pelo menos gostaria de ir de encontro a saídas..e nada...O pior é que nessa imobilidade você vai se confundindo com a paisagem e pensa que faz parte daquele quadro de gesso, de pedra...vai ficando insensível, dormente, frio...se pelo menos pudesse mexer as extremidades..permitir que o sangue circule..me sentir viva...aaahhhh...talvez eu pudesse assim virar a cabeça pra outro lado e ter outra visão da situação...mas eu sei porque não me mexo...com medo de que as paredes caiam na minha saída do aperto....
Falar em visão..tem a dor da cegueira. Não percebo, não vejo, não dou conta....na verdade levo minhas mãos aos olhos pra não ver...por quê?...é melhor esperar que alguém me conduza pela mão..porque se cair não será minha responsabilidade...não entendo...não quero entender...me cansa refletir, avaliar autogerir...deixa que ou outros façam isso....não falta gente pra achar coisas em mim...ver meus defeitos, me criticar, dizer inverdades e verdades...que para mim tanto faz que sejam verdades ou não...não vejo nada mesmo...o bom é o depois, o conforto da escuridão imexível e segura.
   A dor do silêncio...essa é cruel...não poder falar, me expressar, opinar, sugerir, lamentar, gritar, gemer...nada...muda...calada...e se você ousar falar, não será ouvida, sua voz será catalogada no livro das idiotices...porque de minha boca virtuosa só pode sair o que espera-se ouvir..e nada mais...que relevância há na minha dor?...em que ela irá contribuir para o bem da sociedade?...nada...nada mesmo...é problema exclusivamente meu, só meu...rsrsrsrsrs...até que ela possa lhe aliviar na sua!...calada dor, fica quieta, silêncio!..todos estão dormindo...zzzzzzzzzzzzzzzz.....
Quando escolhi essa imagem fiquei na dúvida...o nariz está fora d'água?..ou dentro d'água???..porque eu queria um nariz dentro d'água para exemplificar o fato de estar sem ar...sem respirar...mas depois pensei...ah, que diferença há nisso?...se eu estiver submersa, sem respirar é algo angustiante, é como querer viver e não conseguir alcançar a vida, é como perceber que a vida vai se esvaindo de você sem que você possa segurá-la...afogar-se...Mas se eu estiver submersa com o nariz fora d'água aí é outra dor que surge, a dor de respirar quando talvez o melhor seria não fazê-lo...rsrsrsrs...puxa...radicalizei...e não é ruim?... quando a vida nos submerge e apenas deixa o sofrimento te dizer: não morra, apenas sofra!...então nesse caso que eu possa brincar de inverter a posição da imagem que faço da situação, talvez haja esperança!...porque se estou sem ar e está doendo...significa que estou viva! Se estou viva e não estou vivendo significa que não estou morta!
Tá doida criatura...vai dormir....isso é coisa para postar...eu heim!!!...é muita viagem meu amigo(a)...kkkkk...que é que se diz numa situação dessas?..quando a dor gera marcas profundas que toda vez que você resolve se olhar no espelho pra se ver...lá estão elas...te olhando e dizendo: SOU VOCÊ!...onde está o corretivo? onde está o cirurgião plástico?...onde se apaga? como se apaga marcas que estão na alma e conseguem se materializar diante de mim?...NÃO SE APAGA!..se desenha, se transforma em pintura, em tatuagem, em figuras, em imagens...mas não se apaga!..faço das minha mapas que sinalizam caminhos para mim e para os peregrinos...por isso ouço dores, por isso vejo dores, por isso toco nelas...elas se propagam umas dentro das outras até chegarem no mais distante...elas passam dizendo: somos iguais, temos as mesmas dores de maneiras diferentes..por isso somos todos responsáveis uns pelos outros!
SEM FÉ SÃO TANTOS AIS, SÃO TANTAS MARCAS, SÃO TANTAS DORES.
A FÉ SÓ EXISTE QUANDO AS MÃOS SE JUNTAM, SE DÃO, SE ENCONTRAM!
QUANDO HÁ AMOR!
MAS NÃO SE ENCONTRE PRA FAZER DOER SEM FAZER CRER.
NÃO SE ENCONTRE PRA FAZER NASCER SEM FAZER CRESCER.
NÃO SE ENCONTRE PARA MARCAR SEM DESENHAR!
Hoje vou calar as dores.
Vou calar os desconfortos.
De aís...jamais!


ROSE LIRA.


2 comentários:

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