Uma cadeira
que embala é sempre bem vinda!
A gente
senta, suspende as pernas com os pés descalços, reclina o corpo, apoia a cabeça
nas mãos e temos a impressão que a cadeira passa a ter vida própria, um embalo
que vai e vem sem nenhum esforço, sem nenhum alvoroço.
Lembro que
em nossa casa tinha uma de madeira maciça que pertencera a meu avô materno. Que
berço esplêndido! Que lembrança cara.
Uma boa
lembrança é bálsamo em momentos difíceis.
Gosto de
ocupar minha mente cansada com lembranças que me são gratas.
Embalar
minha alma com situações amenas, com leveza de vida, com imagens que nunca
serão esquecidas!
Certa vez, numa época como esta, na fazenda que pertencia à família,
minha mãe resolveu fazer uma festa de Natal. Resolveu de rompante.
A nossa
localização era totalmente afastada de qualquer opção urbanizada. E mesmo sem ter onde
achar os adereços natalinos, fizemos uma festa enfeitada.
Não tinha flores, nem árvore, nem bolas, nem luzes, mas
minha mãe, da palha do milho fez flores das mais variadas cores.
Cortou a palha,
no fogo deu a forma, tingiu com tintas naturais, e as flores surgiram totalmente
artesanais.
A árvore foi toda feita de cabaças, de “cuias”, de sementes, de
galhos dormentes e de presentes.
Uma festa tipo outono, vinda de não sei onde.
Sem flores e sem frutos colhemos a alegria,
e sem comprar nenhum produto,
de
beleza nos fartamos,
e sem tristeza celebramos!
Na falta de frutos e flores por vezes me angustio.
Natural,
quem não é igual?!!
Não sou dada a positivismos ocos, frases de efeitos, ou
adepta do pensamento redundante. Não tenho discordâncias por quem o faça.
Mas
prefiro uma construção pensada, maturada, refletida e bem trabalhada. Com
certeza pode ser bem mais demorada.
Mas que colheita linda e abençoada, é a
colheita de uma plantação bem plantada.
Enquanto isso...
Faço flores das palhas
esvoaçantes, colho sementes dos frutos de estiagem.
E me preparo para a festa da colheita como
alguém se prepara para uma viagem!
De lembrança
em lembrança lavo minha mente das coisas que me mentem.
E as
lembranças boas me fortalecem, me ajudam a percorrer a escada do presente.
Com certeza
um degrau não é escalado com um esforço banal.
Mas de que é feita uma vida?
... Se
não de passos, paradas, subidas e descidas?
MINHA VIDA,
DE PASSOS ENTRETECIDA
DE CAMINHOS PALMILHADOS,
UNS ANDANDO
UNS A NADO.
MINHA AMIGA DO PRESENTE
FEITA DE UM PASSADO...
POR VEZES AUSENTE
POR VEZES CONTENTE...
MINHA VIDA,
MINHA AMIGA DO AGORA
VOCÊ É VIDA, VIDA MINHA
TODA, INTEIRA E ENVOLVENTE
VEM AO MEU ENCONTRO PERMEADA
DE UM FUTURO RELUZENTE!
ROSE LIRA