7 de dezembro de 2014

COLHEITA DE ESTIAGEM

Uma cadeira que embala é sempre bem vinda!
A gente senta, suspende as pernas com os pés descalços, reclina o corpo, apoia a cabeça nas mãos e temos a impressão que a cadeira passa a ter vida própria, um embalo que vai e vem sem nenhum esforço, sem nenhum alvoroço.
Lembro que em nossa casa tinha uma de madeira maciça que pertencera a meu avô materno. Que berço esplêndido! Que lembrança cara.
Uma boa lembrança é bálsamo em momentos difíceis.
Gosto de ocupar minha mente cansada com lembranças que me são gratas.
Embalar minha alma com situações amenas, com leveza de vida, com imagens que nunca serão esquecidas!
Certa vez, numa época como esta, na fazenda que pertencia à família, minha mãe resolveu fazer uma festa de Natal. Resolveu de rompante. 
A nossa localização era totalmente afastada de qualquer opção urbanizada. E mesmo sem ter onde achar os adereços natalinos, fizemos uma festa enfeitada.
Não tinha flores, nem árvore, nem bolas, nem luzes, mas minha mãe, da palha do milho fez flores das mais variadas cores. 
Cortou a palha, no fogo deu a forma, tingiu com tintas naturais, e as flores surgiram totalmente artesanais. 
A árvore foi toda feita de cabaças, de “cuias”, de sementes, de galhos dormentes e de presentes. 
Uma festa tipo outono, vinda de não sei onde. 
Sem flores e sem frutos colhemos a alegria, 
e sem comprar nenhum produto, 
de beleza nos fartamos, 
e sem tristeza celebramos!
Na falta de frutos e flores por vezes me angustio. 
Natural, quem não é igual?!! 
Não sou dada a positivismos ocos, frases de efeitos, ou adepta do pensamento redundante. Não tenho discordâncias por quem o faça. 
Mas prefiro uma construção pensada, maturada, refletida e bem trabalhada. Com certeza pode ser bem mais demorada. 
Mas que colheita linda e abençoada, é a colheita de uma plantação bem plantada. 
Enquanto isso... 
Faço flores das palhas esvoaçantes, colho sementes dos frutos de estiagem. 
E me preparo para a festa da colheita como alguém se prepara para uma viagem!
De lembrança em lembrança lavo minha mente das coisas que me mentem.
E as lembranças boas me fortalecem, me ajudam a percorrer a escada do presente.
Com certeza um degrau não é escalado com um esforço banal. 
Mas de que é feita uma vida?
... Se não de passos, paradas, subidas e descidas?
MINHA VIDA,
DE PASSOS ENTRETECIDA
DE CAMINHOS PALMILHADOS,
UNS ANDANDO
UNS A NADO.

 MINHA VIDA,
MINHA AMIGA DO PRESENTE
FEITA DE UM PASSADO... 
POR VEZES AUSENTE
POR VEZES CONTENTE...

 MINHA VIDA,
MINHA AMIGA DO AGORA
VOCÊ É VIDA, VIDA MINHA
TODA, INTEIRA E ENVOLVENTE  
VEM AO MEU ENCONTRO PERMEADA
DE UM FUTURO RELUZENTE!

ROSE LIRA

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