29 de março de 2014

PARINDO A PAZ...

 Estando ainda na aridez do nada que antevê o tudo, comecei a ensaiar a dança alada.
Que nada!
Um chão cheio de sequidão.
Nem céu, nem saquitel, 
Sem véu e sem chapéu.
Totalmente ao léu.
Um deserto é uma paisagem atrativa para se ouvir,
alguns choram, uns aplaudem, outros exaltam,
mas estar nele ninguém se aventura, 
nem acode aquele que lá se sacode.
Para que?
Perder o entretenimento?
Deixa lá, no esquecimento!!!!!...
Todos gostam de ver nos outros o tormento.
 Um lápis, um papel e uma ideia.
O esboço, um rascunho do próprio punho.
Um esboço é um arcabouço nascido em pleno calabouço.
Por isso ele é falido.
Reduzido...
Um olhar algemado não passa de um voo inacabado.
Nunca voou acima de seu teto de chumbo.
Um olhar totalmente limitado em seu próprio mundo.
 Um sonho totalmente moribundo!
 Encolho-me em mim mesma.
Preciso sentir a minha pulsação,
o bater da minha confusão. 
Conclusão:
Estou Viva!
Minha vida, minha amiga bendita!
Teu corpo está aqui, tua alma ali,
E o peso da insensatez a se diluir!
Não vê tua esperança morta?
Não vê teus meninos vivos a correr em desatino?
A paz que almejas correr sem destino?
Deixa tua letra morrer.
Deixa o sonho derreter.
Deixa os que matam ter vida.
Deixa os que morrem serem ouvidos.
Deixa que os que silenciam falem com seus sons mudos.
Sonho de asas nulo!
 Um corpo se ergue em novo formato.
Prepara-se para um novo ato.
Ela cabisbaixa está.
Nada fala pois sua boca está selada.
É assim que nasce uma mulher alada.
Seu foco está em suas asas que se dilatam.
Seu cheiro nos desenhos a se movimentarem.
Sua nudez vestida de talvez.
E seus pés a direita e a esquerda,
um passo de cada vez!
 A cada prenuncio de nascimento uma brisa como um vento.
A cada contração uma dor no coração.
Meu ventre, meu espaço oco e resistente!
As cores se espalham,
as ideias se embaralham.
Não sei o que é corpo, não sei o que é asa.
Não sei o que é leve, não sei o que me pesa.
Não sei o que se fecha, não sei o que se abre!
Em folhas secas eu me embrulho.
E minha cama é como entulho.
Rolo, me embolo e o sistema não engulo.
Voarei!
Como mulher e como gente.
Voarei de contente.
Abrirei minhas asas sem mágica,
E rasgarei o tempo de forma rápida.
Verei a paz "assim na terra como no céu"....
a verei nos olhos teus e tu a verás nos olhos meus!
A paz!
Como um rasgão de luar na escuridão,
feito risos de criança varrendo toda nossa negação!

ROSE LIRA


12 de março de 2014

MEU AMOR, MEU PRAZER!

 Crucifiquei-me sem pena e sem dó!
Prendi a mim mesma no madeiro para não voar.
Sem voar não seria presa.
Me prendendo, ninguém me prenderia.
Sem necessidade...
A cruz já teve o seu lugar...no passado!
A vida tomou-lhe a glória...
"Onde está teu aguilhão ó morte?"
 Desci do madeiro.
Mas as marcas me seguravam.
Marcas me lembravam de não esquecer.
e as cicatrizes falavam:
Rosas não voam!!
Elas falavam: os pássaros são feitos do material do madeiro...
Por isso madeiros são!
Me prendi em mim mesma.
A coleira da cólera me prendeu! 
 Mas um dia eu acordei.
Acordei quando cai em um alagado frio e espaçoso.
Que água fria...que lama curativa...
Nesse alagado encontrei a PAZ.
Ela sobrevoava e sinalizava.
Me falava: vem, vem que te farei voar.
Verás uma Criança nascer de uma Rosa,
E verás uma Rosa voar,
Larga-me, larga-se e livre serás!
 Levantei-me e andei, andei, andei...
E contemplei o horizonte!!!
Os pássaros de longe os vi, aos montes.
Enxotei-os.
Escutei seus cantos.
E descobri:
Não são feitos do madeiro.
São vivos...cantam...voam.
Talvez eu aprenda a voar também.
Farei das pétalas asas.
Dos espinhos enfeites.
E bela voarei...
Esperei...
A imagem do horizonte me marcou,
e no lugar das marcas de dor, tatuei desenhos alados.
Eles subiam pelas minhas costas tortas e diziam:
sonhe, sonhe!
Faça do madeiro um cajado.
e ande, ande, ande...
Pois na caminhada há um encontro,
Encontrarás a ti em ti,
E serás encontrada nele:
O pássaro alado!
 
 E o pássaro veio em seu voo rasante,
exatamente pelo horizonte.
De tão longe, de tão longe...se avistaram!

A Rosa e o Pássaro.

Ele sobrevoou,
Ela alçou seu braço.
Ele emitiu seu grito,
Ela o achou bonito.

Ele, 
O Pássaro pousou como folha que cai, 
pousou na palma da mão da Rosa como em pleno outono.

E ela, 
A Rosa, florou ao pouso do Pássaro, 
desabrochou como nunca dantes, fez-se primavera.
MEU AMOR, MEU PRAZER.

Meu pássaro me envolve em minhas madeixas,
ele me seduz, me introduz em enlaces novos.
Faz de meu corpo nu um santuário,
de minhas palavras espúrias um receituário.

Meu pássaro desenha o amor com maestria,
Me envolve, me abraça, me ensina, 
Me descobre em pura magia.

Ele se expõe aos poucos, 
desnuda sua alma...em calma,
Com reverência,
Revela-se em prudência,
Mas seu corpo...
esse tem muita urgência!

Meu pássaro me deixa encantada,
as vezes por tudo, 
as vezes por nada.

Nossos pensamentos se alinham,
nossos corpos se afinam,
nossos desejos se inflamam,
e nossos sonhos se amam!

Sinto-me 'empassarada',
voejante e colonizada,
descoberta e invadida,
saciada e amada!

Sem querer mais nada...

...Só meu pássaro desenhando,
Seu amor no papel do meu amor,
Seu desejo no corpo do meu ardor,
E seu saber no encontro do meu ser.
VOCÊ É MEU PRAZER!
 MEU PÁSSARO ME DESNUDA DAS VELHAS VESTES,
E ME VESTE DE NOVIDADE.
E EU, A ROSA, APRENDI A VOAR.
A VOAR PARA SUAS ASAS ALADAS.
REDUNDÂNCIA?
NÃO...CONCORDÂNCIA!
O AMOR É NOSSA DANÇA.

ROSE LIRA.

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